36 HORAS EM LIMA

     Chegamos em Lima um pouco antes do meio dia. O calor de Lima contrasta muito com o frio de Cuzco, e isso se fez sentir logo quando saímos através das portas do saguão do aeroporto. Os taxistas e pseudo taxistas vem em cima das pessoas como um enxame de abelhas, todos falando ao mesmo tempo, um saco. Sem nenhum esforço, tomamos um táxi. O nosso motorista se revelou maluco logo quando entramos no carro. Em primeiro lugar, o táxi estava sem gás e em segundo lugar, com um pneu murcho. Ah, ar condicionado, no way. E ele só ria e dizia: "no pasa nada, no pasa nada". O cara era uma baita figuraça. Contou a vida inteira e mais um pouco, no trajeto que durou 1h entre o aeroporto e o bairro de Miraflores. 
     Passada a aventura no taxi entre o aeroporto e o nosso hostel, nos ajeitamos e partimos para conhecer Lima. A primeira parada foi (pra variar) a Plaza de Armas. Passamos pela Iglesia Santo Domingo, pela charmosa Pasaje Santa Rosa e fomos assistir a troca de guarda no Palácio de Governo.




     Então seguimos pelo calçadão que é a Calle Jirón de La Unión, tomamos um café, fizemos umas comprinhas e paramos na Plaza San Martin (toda cidade grande da América Latina, com exceção das brasileiras, tem que ter uma Plaza San Martin), onde está o famoso bar El Bolivarcito (anexo ao Grande Hotel Bolívar). Dizem as boas línguas que ali foi inventado o famoso Pisco Sour, a bebida típica peruana feita com Pisco. Aliás, os peruanos tem nesse tema uma de suas rixas clássicas com os chilenos (chilenos e peruanos não são lá muito amigos, pelo que percebi). Os chilenos dizem que o Pisco é deles, os peruanos, por sua vez, tem outra versão da história. Enfim, disputas pela autoria à parte, o Pisco Sour é delicioso.



     Paramos um pouco para ouvir os borburinhos da praça em frente ao bar. Haviam pelo menos 3 grupos de pessoas e fomos conferir o que acontecia. As pessoas estavam discutindo política (??!!!). Tipo, what? Em um dos grupos, um cara de meia idade exibia exemplares xerocados do Manifesto Comunista, do Capital e outros títulos e discursava em voz alta, interrompido somente quando alguém fazia uma colocação ou indagação. Em outro, falavam sobre educação. Todos em voz alta, mas um de cada vez. Fiquei com cara de tacho, pasma. 

     Tomamos um táxi para irmos até o Shopping Larcomar. Aí alguém vai perguntar o que uma pessoa em sã consciência vai fazer em um shopping, quando se está em um país com tantas coisa mais interessantes para oferecer. Explico: é que o Larcomar se torna interessante em função da sua localização. Ele fica no bairro de Miraflores, no barranco em frente à praia, e proporciona uma visão fantástica de quase toda a orla de Lima. Vale a visita.


     Para voltar ao hostel, fizemos um caminho a pé, pela orla de Miraflores. Ou quase orla, não sei dizer. É que a praia propriamente fica "em baixo", e o calçadão fica há muitos metros da água. Ali o passeio foi tranquilo, com a brisa do mar. Ruas bem iluminadas, muitos pequenos parques bem conservados, organizados, muito lindos. É uma ótima dica do que fazer em Lima.
     Na manhã do dia seguinte, caminhamos pela bonita Av. Jose Pardo, em Miraflores, até o Mercado de Surquillo (mais uma vez, as predileções de Doc. Volnei em pauta). Não gostei, achei feio, claustrofóbico e desorganizado. Mas valeu a pena para comprar umas folhas de coca e uns artigos em cerâmica. 




     Voltamos pela mesma avenida até chegar ao Parque Kennedy, bem bonito. Uma pena que não pudemos parar um pouco por ali, fazia um calor escaldante. Me doeu o coração ver tantos gatos abandonados no parque ... Compramos as últimas lembrancinhas nos grandes mercados de Artesanias que se encontram na Av. Arequipa (próximo à Av. Ricardo Palma) e fomos almoçar na famosa Calle de Las Pizzas. Uma rua bem bonitinha, cheia de restaurantes tradicionais (prepare-se para os preços também $$$$), já que Doc. Volnei queria porque queria comer o tal de Ceviche, prato típico dessa região peruana.


     Dali, voltamos para o centro histórico. Queríamos conhecer as catacumbas no Covento de San Francisco (http://www.museocatacumbas.com/), já que não havia mais tempo para ir até o Museu da Inquisição. Não tive oportunidade de conhecer as catacumbas em Paris (estavam fechadas nas duas vezes em que estive lá), mas acho que não devem ser muito diferentes. A visita ao convento é guiada e, sinceramente, achei o convento mais interessante do que as catacumbas propriamente ditas, que não passam de uma pilha de ossos provenientes do antigo cemitério sob o Convento.
     Queríamos conhecer outros lugares em Lima, mas não havia mais tempo. Antes de embarcarmos, demos aquela passada indispensável em um supermercado (eu queria comprar as Cusqueñas para trazer ao Brasil, amei a Cusqueña, especialmente a Red Ale e Doc. Volnei queria trazer o Pisco) e fomos curtir o pôr do sol no Pacífico, tomando como base os barrancos de Miraflores. Atração do tipo top 10 do que fazer em Lima


NOTES AND TIPS

- AS IMPRESSÕES DE LIMA: Em um dia de semana, Lima é caótica. O trânsito parece com aqueles vídeos feitos na índia. Coisa de louco. 
     Lima definitivamente não inspira segurança. Com exceção de Miraflores, me senti insegura em todos os lugares, até mesmo nos táxis. Acho que é o que se sente em grandes cidades, como em São Paulo, por exemplo. Não gosto de São Paulo.
     Fora o centro histórico, que é feio e caótico, em muitos pontos Lima me lembrou Buenos Aires e Barcelona. 

- OS TÁXIS EM LIMA: repetindo o que já escrevi em outro momento, deve se ter muito cuidado com os táxis no Perú, especialmente em Lima. Ficamos muito assustados com as recomendações de um pessoal que já tinha ido à cidade e até mesmo do pessoal local. Ouvimos muitas advertências acerca da falta de segurança ao se tomar um táxi. Por sorte (ou excesso de cuidado), não tivemos nenhum problema, pelo contrário, só conhecemos figuraças em nossos percursos. Mas a dica é sempre verificar se o taxista é credenciado, se possui licença para trabalhar como tal. E desconfiar sempre de valores de corrida muito baixos (sempre se negocia o valor da corrida antes de entrar no carro), dizem que alguns taxistas não "oficiais" costumam assaltar turistas.

- ONDE FICAR: com certeza o melhor lugar é o Bairro de Miraflores. Existem outros bairros bons, tranquilos, mas Miraflores oferece muito para turistas. Ouvi muitas pessoas falarem que ficaram no Centro Histórico, mas eu não aconselharia. Escolhemos um hostel menorzinho, o 511 Lima Hostel (http://www.511limahostel.com/). Ótimo serviço, excelente localização.

- QUANTO CU$TA:
Táxi ida e volta do aeroporto de Lima até Miraflores: S./ 100
Táxi de Miraflores até o centro histórico: S./ 18
Táxi da Praça Kennedy até o centro histórico: S./ 15
Pisco Sour pequeno no El Bolivarcito: S./ 10
Almoço no centro histórico: S./ 20
Almoço na Calle de las Pizzas: S./ 25
Jantar no Shopping Larcomar: S./ 18
Entrada no Convento San Francisco: S./ 7
Diária em quarto privativo quádruplo no Hostel em Miraflores: U$123